Projeto de Filosofia do curso de Jornalismo da Faculdade Casper Libero
(1ºJOD)
Professor Dr. Dimas Künsch

Ignorantes

Histórico

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Análise COMPLETA do nosso seminário.

A metodologia utilizada pelo grupo, douta-ignorância , foi de subdividir o grupo para que o blog, o seminário e o mini-seminário ficassem aos cuidados de componentes diferentes. Sendo assim, Elton, Lígia, Fernanda, Malú, Bia e Lucílio cumpriram com perfeição sua parte da tarefa.
A apresentação foi feita, basicamente, de paralelos e comparações dos comportamentos de Sócrates e Martin Luther King, juntamente com uma análise geral da trajetória de ambos.
Luther King, tornou-se um dos mais importantes líderes do ativismo pelos direitos civis (para negros e mulheres, principalmente) nos Estados Unidos e no mundo, através de uma campanha de não-violência e de amor para com o próximo( assim como Sócrates). Se tornou a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz em 1964, pouco antes de seu assassinato.
Diante da falta de ideologias dos jovens atuais, e da característica “apática” apresentada por grande parte dessa geração, é interessante nos remetermos a comportamentos como esses, e refletirmos sobre suas consequências para a humanidade. O orgulho de ser negro, e a vontade de mudar, tornam Luther King um ícone mundial.
Para encerrar o seminário, o grupo mostrou um clipe, com, a música “One Love”- U2, com fotos de pessoas que morreram para defender um ideal. Alguns dos mostrados foram: Tiradentes, Jesus Cristo, Antônio Conselheiro, Che Guevera, Nelson Mandela, Gandhi, John Lennon, entre outros.
Termino esse post, parabenizando o grupo pela apresentação, e deixando para nossa reflexão, um dos mais belos dircursos de todos os temos, feito por Martin Luther King:

I HAVE A DREAM
Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Indepêndencia, estavam assinando uma nota promissória de que todo norte americano seria herdeiro. Esta nota foi a promessa de que todos os homens, sim, homens negros assim como homens brancos, teriam garantidos os inalienáveis direitos à vida, liberdade e busca de felicidade.
Mas existe algo que preciso dizer à minha gente, que se encontra no cálido limiar que leva ao templo da Justiça. No processo de consecução de nosso legítimo lugar, precisamos não ser culpados de atos errados. Não procuremos satisfazer a nossa sede de liberdade bebendo na taça da amargura e do ódio. Precisamos conduzir nossa luta, para sempre, no alto plano da dignidade e da disciplina. Precisamos não permitir que nosso protesto criativo gere violência físicas. Muitas vezes, precisamos elevar-nos às majestosas alturas do encontro da força física com a força da alma; e a maravilhosa e nova combatividade que engolfou a comunidade negra não deve levar-nos à desconfiança de todas as pessoas brancas. Isto porque muitos de nosssos irmãos brancos, como está evidenciado em sua presença hoje aqui, vieram a compreender que seu destino está ligado a nosso destino. E vieram a compreender que sua liberdade está inextricavelmente unida a nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos. E quando caminhamos, precisamos assumir o compromisso de que sempre iremos adiante. Não podemos voltar.
Digo-lhes hoje, meus amigos, embora nos defrontemos com as dificuldades de hoje e de amnhã, que eu ainda tenho um sonho. E um sonho profundamente enraizado no sonho norte americano.
Eu tenho um sonho de que um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: "Achamos que estas verdades são evidentes por elas mesmas, que todos os homens são criados iguais".
Eu tenho um sonho de que, um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos senhores de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho de que, um dia, até mesmo o estado de Mississipi, um estado sufocado pelo calor da injustiça, será transformado num oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho de que meus quatro filhinhos, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele e sim pelo conteúdo de seu caráter.
Quando deixarmos soar a liberdade, quando a deixarmos soar em cada povoação e em cada lugarejo, em cada estado e em cada cidade, poderemos acelerar o advento daquele dia em que todos os filhos de Deus, homens negros e homens brancos, judeus e cristãos, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar com as palavras do antigo spiritual negro:
" Livres, enfim. Livres, enfim. Agradecemos a Deus, todo poderoso, somos livres, enfim.

Um pouco mais sobre o Método Socrático


Tendo a Roberta falado um pouco mais da relação estabelecida entre Martin Luther King e Sócrates, detalharei um pouco mais a respeito do Método Socrático, assunto também discutido na apresentação.
O método socrático consiste numa prática muito famosa de Sócrates, o filósofo, em que, utilizando um discurso caracterizado pela maiêutica e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de que o seu conhecimento é limitado.
Criada por Sócrates no século IV a.C., a maiêutica é o momento do "parto" intelectual da procura da verdade no interior do Homem. A auto-reflexão, expressa no nosce te ipsum - "conhece-te a ti mesmo" - põe o Homem na procura das verdades universais que são o caminho para a prática do bem e da virtude. Sócrates aplicou-a para questionar os supostos "detentores do conhecimento", que na verdade eram os nobres, que diziam-se mais sábios que o resto da população, e logo, que podiam controlá-los, pois eram superiores. Sócrates, em praça pública, questionava os nobres e suas atitudes, e estes, nada sabiam responder. Mostrou para todos que os nobres apenas tinham mais dinheiro, mas em relação ao resto, eram iguais ao povo.
Maiêutica é também sinônimo de obstetrícia, parte da medicina que estuda os fenômenos da reprodução na mulher. Maiêuta é o médico que presta assistência à mulher e seu feto no período de gravidez, assim como a mãe de Sócrates.


"É o método que consiste em parir idéias complexas a partir de perguntas simples e articuladas dentro dum contexto."


Beijos aos ignorantes!

terça-feira, 24 de abril de 2007

Nosso seminário

Na última quinta-feira,dia 19 de Abril, o nosso grupo DOUTA IGNORÂNCIA realizou o seminário sobre o tema proposto pelo professor: Apologia de Sócrates.
Para que houvesse um maior entendimento, e para tornar a apresentação mais interessante, o
grupo ultilizou-se de um paralelo com a trajetória de Martin Luther king para comparar à de Aristóteles. Com a semelhança de terem morrido por um ideal e, em vida, terem"incomodado" partes da sociedade pelos seus perfis revolucionários, Aristóteles e Luther King nos levam a uma boa reflexão sobre ideologias: os dois dedicaram sua vida para defender aquilo que achavam justo, e morreram por essa causa.
O grupo "Gazeta Cartesius" relatou nossa apresentação com um texto muito interessante:

" Na última quinta-feira, o grupo Douta Ignorância apresentou um seminário sobre o livro "A Apologia de Sócrates", obra escrita por Platão, discípulo do tão importante filosofo que divide os "amantes da sabedoria" em pré e pós sua existência. Eles contaram um pouco da vida de Sócrates, como as profissões de seus pais (artesão e parteira), foram importantes para sua formação e para sua busca de encontrar o verdadeiro conhecimento. Sócrates não escreveu uma linha, ele não gostava de livros, dizia que, por causa deles, os jovens não usariam mais a memória e depositariam toda a responsabilidade sobre os objetos, dessa forma, se tornariam incapazes de pensar sozinhos e evocar o conhecimento de si próprios. Um dos episódios mais famosos na vida de Sócrates é o que ele visita o Oráculo dos Delfos e pergunta quem é o homem mais sábio de Atenas, o Oráculo responde que é ele mesmo, Sócrates. Claro que o filósofo não acredita nisso, porque considera-se um ignorante, e vai conversar e desafiar com suas habituais perguntas os homens considerados mais sábios na cidade. Só então ele percebe que aqueles homens não eram nada sábios, mas achavam que eram, enquanto ele, que não se achava sábio, era tido como o homem mais sábio. Ele se dá conta que a sabedoria só pode ser, então, conhecer a própria ignorância. Sei que nada sei Todos conhecemos o destino de Sócrates. Ele incomodou as autoridades quando desafiou as pessoas a pensarem e foi condenado à morte por corromper a juventude, negar os deuses da pátria e de "pesquisar debaixo do solo e pelos céus". Ele poderia ter escapado, seja indo embora de Atenas, pedindo para permanecer preso ou pagar uma multa, ou ainda renegando tudo o que acreditava e dizendo que estava completamente errado, mas ele não o faz, prefere morrer fiel a si mesmo à viver uma mentira. É evenenado e morto. O que os poderosos de Atenas não sabiam, no entando, era que eles podem matar um homem, mas a idéia é imortal. A prova disso é que atualmente, em 2007, universitários fazem seminários sobre ele e seu legado. Uma das partes mais importantes do seminário foi a comparação entre Sócrates e Martin Luther King. Isso mostrou que, não importa onde e quando, é possível viver por uma idéia e até morrer por ela. Como fechamento, foram mostradas diversas fotos de pessoas que acreditaram numa causa e lutaram por ela até as ultimas consequências, como Jesus Cristo, Gandhi, Ernesto "Chë" Guevara e tantos outros. Entre eles, no entando, não estava o grupo Rosa Branca, um dos únicos representantes da resistência contra Hitler dentro da Alemanha, e que, com certeza, se enquadravam nos quesitos necessários para estar ao lado de King, Sócrates e todos os outros. O grupo era formado por estudantes universitários de 21 a 25 anos e trabalhavam para abrir os olhos do povo alemão e alertar que Hitler estava cometendo, segundo eles mesmos, "o maior crime já cometido" e que a Alemanha estava fadada a se tornar o país mais odiado do mundo por conta disso. Em 1943, a Gestapo prendeu três integrantes do Rosa Branca, o casal de irmãos Hans e Sophia Scholl e o amigo deles, Christoph Probst, e os condenou à morte. A grande questão é que eles poderiam ter se livrado da pena maior, se renegassem tudo o que acreditassem e dissessem o que os oficiais nazistas queriam ouvir, mas não fizeram isso. Eles estavam completamente convencidos de que acreditavam no que era certo e deveriam lutar por isto. "Amanhã suas cabeças é que serão cortadas" não se sabe qual dos dois Scholl que disse essa frase durante o tribunal, mas ela é suficiente para ilustrar suas convicções e coragem. Ainda, a última frase dita por Hans Scholl, já com a cabeça presa na guilhotina, foi "Vida Longa à Liberdade!". Hoje em dia os integrantes do Rosa Branca, mais especificamente os três citados anteriormente, são considerados heróis nacionais na Alemanha e todos os folhetos distribuídos pelo grupo estão na internet traduzidos em diversas línguas. Por favor, duplique e passe adiante! - Era com essa frase que assinavam suas manifestações. Os homens morrem, mas as idéias são eternas. Sócrates provou que isso era verdade, assim como todos aqueles que seguiram seu exemplo. "

(Gabriela Silva do Nascimento)

segunda-feira, 23 de abril de 2007

O inicio da vida







Um dos assuntos mais polêmicos da atualidade foi o tema de uma audiência pública realizada na ultima sexta-feira (20/04) no Supremo Tribunal Federal. Os ministros ouviram um certo grupo de cientistas e deverão emitir um veredicto, em breve, sobre a questão: “quando começa a vida humana?”. Se a decisão tomada for a de que um embrião de poucas células é um ser vivo com status de pessoa, a lei que protege os estudos de células-tronco com embriões humanos sofrerá alterações, deixando muitos cientistas aborrecidos.
A pesar de se tratar de um assunto envolvendo diversas questões morais e éticas, nenhum filósofo foi convidado a depor. Em entrevista concedida ao jornal FOLHA DE S.PAULO, o professor do de filosofia da USP, Maurício de Carvalho Ramos comenta: "Aqueles que estão engajados em pesquisa científica avançada já abdicaram do problema da [definição da] vida faz tempo... A ciência estuda sistemas biológicos materiais e a resposta de o que vem a ser vida é metodologicamente posta de lado.".
A proibição das pesquisas é defendida pelo ex-procurador-geral Claudio Fonteles e pela Confederação Nacional de Bispos do Brasil. Não se poderia tratar de um tema tão polêmico sem se levar em conta as opiniões religiosas, mas não se pode, na opinião de Maurício de Carvalho, tomar alguma decisão apenas pelo ponto de vista da Igreja: "Se o critério para escolha daquelas pessoas foi o vínculo delas com alguma religião, qualquer conclusão a que o debate chegue vai ser inconveniente".
Em meio a tantas contradições, fica claro que a decisão tomada pelo STF servirá apenas para a definição de leis, pois, enquanto o tema não for discutido mais a fundo, levando-se em conta a opinião de filósofos e sociólogos ou até mesmo o voto popular, a decisão tomada pelos ministros não poderá ser considerada “humanamente” justa.
A polêmica seguirá e cada um continuará tendo suas próprias opiniões sobre o tema, afinal é muito difícil de chegar a um conceito comum sobre qual a vida que vale mais: a dos doentes que necessitam dos tratamentos beneficiados pela pesquisa, ou a dos embriões em formação. Segue o duelo entre as chamadas “vidas potenciais”.

domingo, 15 de abril de 2007

O Grande Irmão


Por que a febre?

O último mini-seminário que apresentaram foi a respeito dessa febre nacional e mundial que se tornou o Big Brother. O termo Big Brother (Grande Irmão) é referência direta ao personagem homônimo do livro “1984”, de George Orwell. No livro, escrito em 1948, o autor prevê que em 1984 o mundo viveria em uma ditadura totalitária e o governo controlaria a vida da população através do Grande Irmão. Nada foge à visão dessa figura abstrata. Esse controle nos faz pensar melhor, não só nos reality-shows, mas nas redes de amigos criadas na Internet, como o Orkut, que detém informações de milhões de pessoas em todo do mundo, observando-as através de fotos e mensagens. O grupo também explicitou Foucalt e seu livro Vigiar e Punir, detalhando as relações de poder entre um soberano e os subordinados, nesse caso, os confinados da casa. Mencionaram também o modelo do Panóptico , um sistema de prisão com disposição circular das celas individuais, dividas por paredes e com a parte frontal exposta à observação do Diretor por uma torre do alto, no centro, de forma que o Diretor “veria sem ser visto”. Isto permitiria um acompanhamento minucioso da conduta do detento, aluno, militar, doente ou louco, pelo Diretor, mantendo os observados num ambiente de incerteza sobre a presença concreta daquele. Essa incerteza resultaria em eficiência e economia no controle dos subalternos, pois tendo invadida a sua privacidade de modo alternado, furtivo, incerto, ele mesmo se vigiaria. E se compararmos com o Big Brother, é exatamente isso o que acontece. Pessoas presas e vigiadas o tempo inteiro, não sabem por quem, mas sabem que estão sendo vigiadas, o que gera os variados comportamentos observados durante o programa.
Os limites da exploração do corpo humano foram quase atingidos e vê-se agora uma exploração do próprio ser social. Uma exploração não ligada ao nosso voyeurismo pornô – já que sexo e pornografia encontram-se por toda parte -, mas ao espetáculo banal, da convivência social manipulada, do ser humano como centro de uma sociedade superficial.Os reality-shows vêm consolidar esse processo. A realidade virtual se torna mais interessante que a vivência da própria realidade. O telespectador passa a obter um poder que na sociedade ele não desfruta, controlar, decidir e eliminar.Se sentem menos idiotas ao enxergar os erros banais dos participantes, se sentem menos idiotas que o espetáculo. Essa é a grande estratégia do programa.Um sentimento de poder e controle.Assim, estamos diante da ruptura dos ideais políticos, dos conceitos de poder e democracia, o que o sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard conceitua de “Democracia Radical”, exaltação máxima por uma qualificação mínima, glória virtual.Assistimos ao programa, votamos, decidimos, nos mobilizamos em um clima eleitoral esperando um vencedor. Ao término do programa, nada. Um grande passo ao niilismo democrático. A linha exata entre democracia e ditadura, combinando o poder do voto democrático com o paredão ditatorial fidelista, eliminando participantes.
Enfim, a sociedade chega ao seu estopim: observar seus próprios indivíduos em casas de vidros e espelhos, um narcisismo de auto-observação.O fim do ser singular, do individualismo, dos valores políticos.Tudo se tornou banal e superficial com o Big Brother, mas a pergunta que os próprios integrantes do grupo lançaram e eu não consegui obter uma resposta, e acredito que muitos também não, por que é algo que mobiliza tantas pessoas? Será o nosso interesse pelo que nos é alheio? Talvez, porque nos identificamos com muitas das figuras que estão ali dentro? Não sei. Como explicar todo esse nosso interesse, paixão e mobilização perante algo considerado tão fútil?

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Novos ângulos

Hoje faz 46 anos que o cosmonauta Iuri Gagarin tornou-se o primeiro homem a viajar ao espaço. A famosa frase que pronunciou então , "A terra é azul!", mostra como uma mudança de perspectiva ajuda a enxergar detalhes importantes mesmo a respeito de coisas (ou idéias) com as quais convivemos e pelas quais não esperamos, em absoluto, sermos surpreendidos.

Semana passada a Arícia postou sobre o livro "O Mundo de Sofia" que fala justamente sobre a filosofia como ferramenta para enxergar o mundo de um ângulo "privilegiado". O post acabou atropelado pelos nossos comentários sobre o mini-seminário do Cartesius mas recomendo uma nova visita, já que fala de uma obra que tem o interessante objetivo de popularizar o pensamento filosófico junto a um público novo.

Foto da ponte "roubada" do blog Psicóticos Anonimos.


sábado, 7 de abril de 2007

Fragilidade das relações humanas- Comentários sobre a apresentação do segundo grupo.




Na última quinta feira, dia 5 de Abril, o segundo grupo apresentou seu seminário cujo tema foi a superficialidade das relações interpessoais e como a Internet interfere nesse contexto.
O grupo, que usou de uma metodologia interessante em que todos os componentes mantinham uma pequena participação no seminário, mostrou como é possível se “camuflar” no mundo da internet e criar o estereotipo que se deseja no mundo de msn, bate papos e orkut. Para ilustrar, mostraram uma cena do filme Closer, em que um homem finge ser mulher numa conversa on line.
Foi discutida também a velocidade das relações amorosas atuais, em que há mudanças frenéticas de parceiros e abandono se sentimentos sólidos. Na verdade, perdeu-se a noção de “processo”, ou “construção de valores”, uma vez que é tudo permitido no mundo da conquista pela Internet.
Um dos pontos mais interessantes da apresentação foi a abordagem do livro Amor Líquido,do sociólogo Zigmunt Bauman. Essa obra retrata um mundo, identificado pelo autor como líquido, onde as relações se estabelecem com extraordinária fluidez, que se movem e escorrem sem muitos obstáculos, marcadas pela ausência de peso, em constante e frenético movimento. Além disso, explica como a globalização e seus reflexos políticos e sociais aceleraram a troca de informações e respostas imediatas, o que interfere diretamente nas decisões diárias, fazendo com que produtos se tornem obsoletos antes do prazo de vencimento e relações amorosas se tornem cada vez mais superficiais.
O ponto alto do grupo, ao meu ver, foi a fantástica comparação feita entre Internet e “mito da caverna”, estudado em sala. Esse mito, como sabemos, é a metáfora da filosofia que melhor descreve onde se encontra a sociedade atual. O grupo afirmou que a Internet tem o mesmo princípio da caverna, em que só se enxergam “sombras”, e não o real.
Talvez um comentário pertinente nesse contexto, mas que por falta de tempo e alta quantidade de informações, não foi feito, é a relação da mídia no cenário das relações amorosas. Na minha opinião, como a mídia revolucionou a idéia de tempo, conseguindo planificar simultaneamente o passado, o presente e o futuro, interferiu também no abandono da noção de “processo” da sociedade. Não há mais tempo para apaixonar-se, relacionar-se, casar-se e assim ter filhos...tudo acontece ao mesmo tempo, sem sentido, sem base, sem ordem e muitas vezes, sem sentimento.
Termino essa postagem, com um trecho da obra “O pequeno príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry, que foi usada pelo grupo, e nos leva a uma boa reflexão:

" - É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..."

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Breve comentário sobre O Mundo de Sofia


"A única coisa de que precisamos para nos tornarmos bons filósofos é a capacidade de nos admirarmos com as coisas."


O livro O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, logo que foi editado pela primeira vez, em 1991, já se tornou quase momentaneamente um best-seller, e ainda hoje continua atraindo toda sorte de leitores. A história do livro gira basicamente em torno da garota Sofia Amundsen, que às vésperas de seu aniversário de 15 anos, começa a receber cartas e postais misteriosos, com perguntas filosóficas do tipo: "Quem é você?", "De onde vem o mundo em que vivemos?", que depois irão se transformar num curso de filosofia à distância. Aí está o grande trunfo do livro: o leitor vai, junto com Sofia, absorvendo conhecimentos sobre a história da filosofia ocidental, desde os filósofos pré-socráticos aos pós-modernos, ao mesmo tempo em que se vê envolvido numa trama misteriosa que vai se desenrolando aos poucos.

Apesar de conter a evolução da filosofia ocidental, a meu ver, o objetivo principal do autor não é relatar aos leitores essa história, mas sim fazer com que estes não passem o resto de suas vidas protegidos sob "os pêlos do coelho" - usando palavras do livro - ou seja: que não percamos nunca a capacidade de nos admirarmos perante a vida, perante o mundo, pois é este o maior dom do filósofo: não ser indiferente àquilo que o rodeia, não deixar a vida se tornar uma coisa banal. Logo em uma das primeiras lições destinadas a Sofia, o professor anônimo a indaga:

"A capacidade de nos surpreendermos é a única coisa de que precisamos para nos tornarmos bons filósofos (...) E agora tens que te decidir, Sofia: és uma criança que ainda não se habituou ao mundo? Ou és uma filósofa que pode jurar que isso nunca lhe acontecerá?... Não quero que tu pertenças à categoria dos apáticos e dos indiferentes. Quero que vivas a tua vida de forma consciente."

Para este professor anônimo, que depois revela sua identidade a Sofia, o mundo é como um coelho. As pessoas vivem suas vidinhas encobertas no fundo da pelagem do animal, pensando serem felizes, sem maiores preocupações (talvez, com o último capítulo da novela), tão acostumadas e resignadas que estão a tudo que acontece. Para elas, tudo é banal. A criança, quando nasce, não pertence a esta esfera. Ela está na ponta dos pêlos do coelho, querendo descobrir tudo, indagando, se surpreendendo. À medida que vai crescendo, ela vai afundando mais nos pêlos, até se tornar apenas mais um alienado igual aos outros.

A diferença entre uma pessoa comum e o filósofo está exatamente aí: ele nunca perde esta capacidade de se surpreender com o mundo, com a vida. Ele está na ponta dos pêlos, mas freqüentemente faz incursões ao fundo, tentando elucidar as pessoas da condição em que vivem e resgatá-las para a ponta, mas é difícil convencê-las, tão satisfeitas que estão, sentindo-se protegidas por suas rotinas mesquinhas e alienantes (qualquer semelhança com a alegoria da caverna não deve ser mera coincidência) .

E você? Quer passar o resto de sua vida confortavelmente encoberto, mas sem conhecer a verdade, ou prefere abrir seus olhos para a realidade, mesmo que isso possa lhe custar sua felicidade? Esta é uma questão há muito levantada pela filosofia, e que, de certa forma, está também presente no livro. Aí está uma ótima dica de leitura aos companheiros ignorantes!

domingo, 1 de abril de 2007

Passeata une manifestação política e de gênero


O texto foi publicado no dia 9 de março no site da Cásper, link de Cultura Geral. O crédito da foto é do Alê, membro do grupo... Achei imporante inclui um relato sobre o acontecido na manifestação anti-bush. É apenas um complemento.


As pessoas costumam se lembrar do dia internacional da mulher pela distribuição de rosas e por pequenas agitações por parte da liderança feminista. Mas dia 8 de março foi diferente. Cerca de seis mil pessoas reuniram-se na praça Oswaldo Cruz , marco inicial da marcha que seguiria até o vão livre do MASP. Cartazes clamavam pelo fim da opressão e do preconceito, a favor da igualdade de sexos, contra a homofobia e pelo direito ao aborto. Pessoas de todas as idades e culturas vestiam a cor que simboliza o dia, o roxo. Isso porque quando 129 mulheres morreram assassinadas em uma fábrica de tecidos em Nova York, em 1857, e a fumaça que saiu da chaminé era roxa.Somada a luta feminista estava a luta política. Manifestantes de partidos de esquerda, como o PC do B, PSTU e PT exibiam bandeiras e dizeres contra a vinda ao Brasil do presidente norte-americano George W. Bush. “Mulheres unidas pela paz, fora Bush!”, “Fora Bush, não à guerra!” eram apenas amostras da revolta da população com a chegada do presidente.A maioria dos manifestantes eram estudantes universitários indignados com a presença do “senhor da guerra”. Bush, em algumas imagens, era comparado ao nazista Hitler, responsável direto pela morte de cerca de 40 milhões de pessoas durante a segunda Guerra Mundial.São Paulo parou o trânsito para a comitiva norte-americana passar, e a passeata parou a Av. Paulista para que desfilassem as mulheres do MST. Vestidas a caráter, com folhas de cana na mão e chapéu de palha com lenço, a voz por uma reforma agrária, pela igualdade nos sexos e pelo fim da burguesia. Mulheres de ONG´s que lutam pela cultura e educação para todos, também estavam presentes.Alguns estudantes impediam a passagem do trânsito. Para dispersá-los, a polícia usou bombas de efeito moral e balas de borracha. Os estudantes reagiram com pedradas nos policiais e pixações no metrô e nos ônibus. Resultado: feridos de ambos os lados e alguns estudantes detidos.De qualquer forma, a proporção que a manifestação tomou é aliviante e satisfatória. Tanto no que diz respeito à luta pela igualdade feminina, quanto à política. O que se assistiu ontem não foi uma mera comemoração, e sim uma marcha de pessoas conscientes e inconformadas.