Projeto de Filosofia do curso de Jornalismo da Faculdade Casper Libero
(1ºJOD)
Professor Dr. Dimas Künsch

Ignorantes

Histórico

sábado, 7 de abril de 2007

Fragilidade das relações humanas- Comentários sobre a apresentação do segundo grupo.




Na última quinta feira, dia 5 de Abril, o segundo grupo apresentou seu seminário cujo tema foi a superficialidade das relações interpessoais e como a Internet interfere nesse contexto.
O grupo, que usou de uma metodologia interessante em que todos os componentes mantinham uma pequena participação no seminário, mostrou como é possível se “camuflar” no mundo da internet e criar o estereotipo que se deseja no mundo de msn, bate papos e orkut. Para ilustrar, mostraram uma cena do filme Closer, em que um homem finge ser mulher numa conversa on line.
Foi discutida também a velocidade das relações amorosas atuais, em que há mudanças frenéticas de parceiros e abandono se sentimentos sólidos. Na verdade, perdeu-se a noção de “processo”, ou “construção de valores”, uma vez que é tudo permitido no mundo da conquista pela Internet.
Um dos pontos mais interessantes da apresentação foi a abordagem do livro Amor Líquido,do sociólogo Zigmunt Bauman. Essa obra retrata um mundo, identificado pelo autor como líquido, onde as relações se estabelecem com extraordinária fluidez, que se movem e escorrem sem muitos obstáculos, marcadas pela ausência de peso, em constante e frenético movimento. Além disso, explica como a globalização e seus reflexos políticos e sociais aceleraram a troca de informações e respostas imediatas, o que interfere diretamente nas decisões diárias, fazendo com que produtos se tornem obsoletos antes do prazo de vencimento e relações amorosas se tornem cada vez mais superficiais.
O ponto alto do grupo, ao meu ver, foi a fantástica comparação feita entre Internet e “mito da caverna”, estudado em sala. Esse mito, como sabemos, é a metáfora da filosofia que melhor descreve onde se encontra a sociedade atual. O grupo afirmou que a Internet tem o mesmo princípio da caverna, em que só se enxergam “sombras”, e não o real.
Talvez um comentário pertinente nesse contexto, mas que por falta de tempo e alta quantidade de informações, não foi feito, é a relação da mídia no cenário das relações amorosas. Na minha opinião, como a mídia revolucionou a idéia de tempo, conseguindo planificar simultaneamente o passado, o presente e o futuro, interferiu também no abandono da noção de “processo” da sociedade. Não há mais tempo para apaixonar-se, relacionar-se, casar-se e assim ter filhos...tudo acontece ao mesmo tempo, sem sentido, sem base, sem ordem e muitas vezes, sem sentimento.
Termino essa postagem, com um trecho da obra “O pequeno príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry, que foi usada pelo grupo, e nos leva a uma boa reflexão:

" - É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..."

14 comentários:

**Arícia** disse...

Essa questão é mto complexa... até que ponto nós iremos chegar com essa superficialidade? Será que no futuro faremos sexo só por msn? hahaha

Anônimo disse...

Gostei muito da colocacão sobre a perda de noção de processo nas relações , e linda a citação do Pequeno Príncipe.

Anônimo disse...

É muito simples delegar-se a internet a superficialidade das relações.
creio, que estas relações se baseiam em valores intrínsicos da formação do caráter do ser humano.
da formação da personalidade.
Seriam os jovens da internet sem alma?
Tem tudo nas mãos?
Não tem ideais?
Se camuflam no mundo virtual?
A globalisação vem a ser um fator positivo nas relações , com o avanço da tecnologia , facilita os contatos, conhecimentos e ideias.

Roberta disse...

Último comentário muito pertinente, realmente..Talvez tenha faltado no meu texto, uma análise dos jovens no contexto das relações inter pessoais.
E sobre a globalização, lembro que não a julguei como acontecimento negativo, uma vez que são inegáveis os avanços trazidos por ela. Porém, sua aceleração e mudanças, revolucionaram o contexto de relações amorosas-opinião que o sociologo Zigmunt Bauman compartilha comigo.
E sobre o comentário de que "seriam os jovens sem alma", talvez..ou seria você, anacrônico, por julgar os comportamentos dos jovens frente á Internet sem ter sido um "jovem no contexto da Internet"?....

Anônimo disse...

Só pra constar:
Assisti há alguns dias um filme chamado "Os Fugitivos", um trhiller com John Travolta baseado na história (real) de um casal de assassinos americanos que ficaram conhecidos como "Lonely Hearts Killers" devido o modus operandi de selecionar suas vitimas entre anunciantes de classificados sentimentais. Esses crimes aconteceram na década de 40 e as vítimas, em geral, não eram jovens sem alma mas senhores e sobretudo senhoras que buscavam algum amor usando os meios de comunicação disponíveis na época.
Anacronismo?

Bê Behar disse...

Aricia...
Novidades!
Já existe uma aparelho sendo projetado para isso!
Saiu na Superinteressante do mês de março... Vale a pena ler a respeito!
Roberta, adorei a descrição do mini seminário...

**Arícia** disse...

huaHAu.... vô testar então...
hahahaha to brincando! :X

Anônimo disse...

Realmente, cada vez mais perdem-se os valores das relações amorosas...
O texto da Roberta, na minha opinião, está completo... não tiraria nem colocaria nada...
abraços

Pedroso disse...

aaaa essa Roberta é muito chique!
E quanto a globalização...bem, ela tem lados positivos e negativos, mas a meu ver, do jeito que ela foi(e continua sendo) praticada e imposta, ao colocarmos na balnça os prós e os contras, ela penderá para o contra. É só analisar a relação entre a perda de culturas seculares e a horizontalidade dos costumes que globalização promoveu(e promove), mas isso dá uma longa discussão que não cabe aqui.
mando bem Roberta.

Anônimo disse...

Roberta, adorei o seu texto! É claro que gostaríamos de ter inserido mais a Filosofia no contexto do trabalho, mas a base ainda é pouca, afinal estamos ainda na primeira metade do semestre. rs.
Será que poderia usar o texto no nosso blog??
Beijos, Vanessa.

Anônimo disse...

Olá, sou do JOC e gostaria saber de que classe vocês são para colocar os links no nosso blog

AgaGoméz disse...

A sociedade está carente de um abraço ou qualquer demonstração de afeto. Acabaranm-se as relações com os vizinhos, rarearam-se os "bom dia" e mesmo existindo tempo disponível preferimos consumi-lo com qualquer outra atividade que prescinda da presença de outra pessoa.

Anônimo disse...

Passei pra agradecer o comentário que vcs fizeram sobre o nosso mini-seminário! A questão da mudança na idéia de tempo realmente poderia ter sido abordada, e teria sido um aspecto interessante de discutir. Acho que esse é o maior problema de lidar com assuntos amplos - alguma coisa sempre acaba ficando de fora. :)
Obrigada de novo! :)

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom