Projeto de Filosofia do curso de Jornalismo da Faculdade Casper Libero
(1ºJOD)
Professor Dr. Dimas Künsch

Ignorantes

Histórico

domingo, 15 de abril de 2007

O Grande Irmão


Por que a febre?

O último mini-seminário que apresentaram foi a respeito dessa febre nacional e mundial que se tornou o Big Brother. O termo Big Brother (Grande Irmão) é referência direta ao personagem homônimo do livro “1984”, de George Orwell. No livro, escrito em 1948, o autor prevê que em 1984 o mundo viveria em uma ditadura totalitária e o governo controlaria a vida da população através do Grande Irmão. Nada foge à visão dessa figura abstrata. Esse controle nos faz pensar melhor, não só nos reality-shows, mas nas redes de amigos criadas na Internet, como o Orkut, que detém informações de milhões de pessoas em todo do mundo, observando-as através de fotos e mensagens. O grupo também explicitou Foucalt e seu livro Vigiar e Punir, detalhando as relações de poder entre um soberano e os subordinados, nesse caso, os confinados da casa. Mencionaram também o modelo do Panóptico , um sistema de prisão com disposição circular das celas individuais, dividas por paredes e com a parte frontal exposta à observação do Diretor por uma torre do alto, no centro, de forma que o Diretor “veria sem ser visto”. Isto permitiria um acompanhamento minucioso da conduta do detento, aluno, militar, doente ou louco, pelo Diretor, mantendo os observados num ambiente de incerteza sobre a presença concreta daquele. Essa incerteza resultaria em eficiência e economia no controle dos subalternos, pois tendo invadida a sua privacidade de modo alternado, furtivo, incerto, ele mesmo se vigiaria. E se compararmos com o Big Brother, é exatamente isso o que acontece. Pessoas presas e vigiadas o tempo inteiro, não sabem por quem, mas sabem que estão sendo vigiadas, o que gera os variados comportamentos observados durante o programa.
Os limites da exploração do corpo humano foram quase atingidos e vê-se agora uma exploração do próprio ser social. Uma exploração não ligada ao nosso voyeurismo pornô – já que sexo e pornografia encontram-se por toda parte -, mas ao espetáculo banal, da convivência social manipulada, do ser humano como centro de uma sociedade superficial.Os reality-shows vêm consolidar esse processo. A realidade virtual se torna mais interessante que a vivência da própria realidade. O telespectador passa a obter um poder que na sociedade ele não desfruta, controlar, decidir e eliminar.Se sentem menos idiotas ao enxergar os erros banais dos participantes, se sentem menos idiotas que o espetáculo. Essa é a grande estratégia do programa.Um sentimento de poder e controle.Assim, estamos diante da ruptura dos ideais políticos, dos conceitos de poder e democracia, o que o sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard conceitua de “Democracia Radical”, exaltação máxima por uma qualificação mínima, glória virtual.Assistimos ao programa, votamos, decidimos, nos mobilizamos em um clima eleitoral esperando um vencedor. Ao término do programa, nada. Um grande passo ao niilismo democrático. A linha exata entre democracia e ditadura, combinando o poder do voto democrático com o paredão ditatorial fidelista, eliminando participantes.
Enfim, a sociedade chega ao seu estopim: observar seus próprios indivíduos em casas de vidros e espelhos, um narcisismo de auto-observação.O fim do ser singular, do individualismo, dos valores políticos.Tudo se tornou banal e superficial com o Big Brother, mas a pergunta que os próprios integrantes do grupo lançaram e eu não consegui obter uma resposta, e acredito que muitos também não, por que é algo que mobiliza tantas pessoas? Será o nosso interesse pelo que nos é alheio? Talvez, porque nos identificamos com muitas das figuras que estão ali dentro? Não sei. Como explicar todo esse nosso interesse, paixão e mobilização perante algo considerado tão fútil?

2 comentários:

Anônimo disse...

Barangaaaaaa!!!!!!!!=]
Texto excelentee..nem vi a apresentação, mas pude ter uma boa noção de como foii..!
Quem sabe essa necessidade de ver os erros e as atitudes dos outros em reality show s não seja uma espécie de escapismo para tanta superficialidade e máscaras nas relações, hoje em dia?
beijos

**Arícia** disse...

é o que eu estou me perguntando até agora. no começo do mini, o grupo disse que iria responder porque nós gostamos do big brother, mas eles se abstiveram tanto na análise do Foucalt sobre o panóptico...talvez isso esteja a nível de pós, mas, pelo menos ao meu ver, as questões ñ foram muito bem elucidadas.