Projeto de Filosofia do curso de Jornalismo da Faculdade Casper Libero
(1ºJOD)
Professor Dr. Dimas Künsch

Ignorantes

Histórico

sábado, 31 de março de 2007

Sobre o mini-seminário do Olho do Tigre



Nesta última aula, o grupo Olho do Tigre apresentou o primeiro mini-seminário do ano. Discorrendo sobre o fatídico 11 de setembro, anti-americanismo, imperialismo norte-americano e a suposta doutrina Bush, a equipe se mostrou com uma opinião muito bem formada sobre o assunto: grande parte das pessoas está aderindo a este movimento "anti-americano" apenas por moda - elas mal sabem justificar o porquê de serem anti-Bush, anti-EUA, anti-qualquer coisa americana.

Há inclusive organizações que pregam o boicote a qualquer produto americano com a desculpa de que certas marcas (a maioria, senão todas) financiariam a guerra, o que é no mínimo curioso e, - óbvio - irreal. Um contraponto colocado por minha colega Nathalie, participante da equipe, foi muito interessante: "então, quer dizer que, comprando produtos da Petrobrás, estaríamos financiando políticos corruptos, já que esta empresa é metade estatal?"

Além disso, foi colocada outra questão relevante pela equipe: às vezes, estamos tão preocupados com Iraque, Al Qaeda, George W. Bush, que não enxergamos o que está acontecendo em nosso próprio país. Será que uma guerra que ocorre a 50 mil km de distância nos afeta tanto assim? O grupo também ressaltou que é muito importante lutar contra algo que se suponha injusto, desde que tenhamos bases e argumentos para justificar tal luta, mas não é nada louvável aderir a movimentos apenas por "embalo" ou para obter algum tipo de atenção, como a maioria dos que se encontravam na manifestação Anti-Bush na av. Paulista, no dia 8 de março. Sobre ela, a Bia postará um texto aqui no blog em seguida ao meu.

Para quem quiser dar uma olhada no site da organização que promove boicotes a marcas americanas, aqui está o endereço, também fornecido em sala de aula pela Nathalie:
http://www.boycottbush.org

terça-feira, 27 de março de 2007

Cypher

Ignorance is bliss!

A cena e a frase acima são do filme Matrix. Pra quem não viu ou não lembra, é onde o personagem Cypher encontra-se com os agentes da Matrix num restaurante e aceita trair os companheiros rebeldes e entregar seu líder Morpheus pedindo em troca algo no mínimo inquietante: Ser devolvido à Matrix (o que significaria passar o resto da vida como um vegetal, conectado ao computador da Matrix que "alimentaria" seu cérebro com ilusões que o fariam pensar que vive num mundo à semelhança da nossa vida real). Cypher justifica sua atitude usando como exemplo o saboroso jantar que está sendo servido (dentro da realdiade virtual) e perguntando se precisava realmente saber que tudo aquilo era apenas uma simulação.
É interessante lembrar que este filme é cheio de referências a questões filosóficas interessantes. A natureza da realidade, o valor do conhecimento e determinismo pra citar as mais óbvias.
Como já dissemos antes este blog é um elogio à ignorância como forma de alcançar a sabedoria. Nesse caso a ignorância é algo incômodamente útil pra sinalizar um conhecimento ainda por ser adquirido. No caso de Cypher entretanto, trata-se de preferir ignorância a uma sabedoria já conquistada.

O que leva à questão:
Toda sabedoria vale a pena?






(mais sobre Matrix e filosofia)

sexta-feira, 23 de março de 2007

Ratos sabem da própria ignorância, mostra estudo

O Lucílio havia visto uma notícia curiosa e também interessante e resolveu repassar para o grupo. Também achei bacana e decidi colocar aqui no blog. Caso queiram saber mais a respeito, a notícia está neste link: http://imirante.globo.com/plantaoi/plantaoi.asp?codigo1=120981 .
Grande abraço aos ignorantes...
Alexandre.

quinta-feira, 22 de março de 2007

Caverna Tecnológica

A tecnologia e seu crescente desenvolvimento assumem papel decisivo na sociedade atual, porém nem sempre é possível distinguir se esta influência é positiva ou negativa. Há o perigo iminente de nos tornarmos dependentes dela, usando-a para nos defender e nos esconder da própria vida.
Um dos principais motivos que justificam tal postura é o medo, seja da violência, da rapidez da vida contemporânea, da competitividade ou das mudanças. Por conta desse receio, passamos a viver de maneira individualista, nos retirando da vida em sociedade para o conforto de nossas casas, com carros blindados e equipamentos tecnológicos de ultima geração.
Observamos a “vida real” passar, através das grades de nossas janelas; por não interagirmos com o meio a nossa volta, deixamos de compreendê-lo e modificá-lo. É possível comparar este comportamento ao Mito da Caverna, de Platão. No entanto, a principal diferença é que quem nos aprisiona somos nós mesmos. Acreditamos que esta “ilusão eletrônica e virtual” supre às necessidades de interação, experiência e evolução de nossa trajetória humana.
Ter medo é compreensível, pois realmente existe violência e perigo no mundo, mas a reclusão não permite que vivamos plenamente, causando um afastamento da realidade, bem como e a criação e a busca de meios alternativos de se viver fora do caos.
De fato há vantagens nesta atual "revolução eletrônica", como a praticidade e a agilidade do celular e da Internet (MSN, Orkut) e a segurança e conforto de alarmes e blindagens, bastando utilizarmos o bom senso e não tornarmo-nos dependentes. É preciso ponderar o uso das tecnologias, e principalmente, não suplantar a realidade por elas. Isto porque, mesmo em meio à violência e ao caos, precisamos viver e enxergar o mundo a fim de agirmos para modificá-lo.
Relacionando ao Mito da Caverna, se nos limitarmos a observadores passivos das “sombras” do nosso mundo, jamais o entenderemos. É nosso direito e dever solucionar os problemas de nossa sociedade, modificar o ambiente em que vivemos, e isso só será possível quando enfrentarmos a realidade, criando outra tão real quanto melhor.

Aos novos ignorantes

A você que ainda não entendeu o nome deste Blog e, muito menos, o fato de nos intitularmos ignorantes, cabe uma explicação.
Nicolau de Cusa, em 1440, escreveu e publicou o livro "De Docta Ignorantia" no qual expôs as bases de sua teoria do conhecimento.
Segundo Nicolau, o saber das causas e da extensão do não-saber é uma forma superior do saber. Calma! Se você ainda não entendeu nada, está no caminho certo.
O que o filósofo quer nos mostrar é que a tendência em nós de desejarmos saber o que não sabemos não existe em vão. O mais perfeito conhecimento que podemos acumular é nos descobrirmos doutores na própria ignorância. "Quanto mais douto for, tanto mais reconhecerá ser ignorante", afirmava.
Portanto, não somos falsos modestos, mas sim admiradores da filosofia e da procura incessante do saber. É deixado o convite para que a tendência em você de desejar saber o que não sabe não exista em vão.
Pratique a ignorância com orgulho!

quarta-feira, 21 de março de 2007

A arte da ignorância

O senso comum mostra que é natural ignorar diversas questões do vasto universo que nos cerca. Verdades absolutas andam na contramão da ciência e das novas descobertas; formulações que pretendem vigorar independentes do futuro ganham um caráter inverossímil.
“Só sei que nada sei” é a premissa para se iniciar um pensamento, uma pesquisa, um processo de aprendizagem. Nicolau de Cusa, na Idade Média, revisitou o enunciado de Sócrates e construiu sua própria tese, relatada no livro “Douta Ignorância”. Segundo ele, a principal forma de sabedoria é a que permite que saibamos o quanto somos ignorantes.
Nós somos ignorantes conscientes e, portanto, sabemos o quanto é importante dialogar com acontecimentos cotidianos, que muitas vezes passam despercebidos pela nossa atenção. A proposta que recebemos nos convida a questionar uma série de fatos, usando como ferramenta a Filosofia. Admitimos não saber para conseguir redigir nesse blog; admita também. Construa “doutamente” sua ignorância ao nosso lado!